sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Eu encareto, tu encaretas, ele encareta...


O mundo de hoje tem sido cada vez mais “chato”, ou seria melhor dizer mais exigente com o respeito ao espaço do outro, com a saúde do homem e do planeta. No fim, a verdade é que não dá mais para não refletir sobre o que se está fazendo, como e onde e, principalmente, dentro de que grupo. São olhares de desprezo, multa, culpa, sentimento de pouca civilidade, sendo otimista, claro. Até porque não faltam pessoas só pensando que: o mundo tá careta demais, eu quero, eu posso e vou fazer. E o outro? Que espere ou que seja esperto também.

Quem podia imaginar antes dos anos 70 não fumar em lugares públicos, comida a base de folhas, ida aos supermercados com bolsas próprias para economizar sacolas de plástico, lixo reciclado, crédito de carbono? Nos tempos dos meus pais, já que estou na casa dos 30, não assustaria ninguém uma mulher com um barrigão (de grávida mesmo) com um cigarro na boca, lixo sendo jogado no chão, carnaval com muita serpentina e carro sendo lavado na calçada com aquela mangueira potente. Aja água.

Prefiro defender que os dias de hoje são mais civilizados ou no mínimo mais coerentes com a sobrevivência da própria raça humana, e não só uma questão de caretice. A própria história do planeta comprova que é uma questão de evolução. Há tempos ninguém puxa uma mulher pelos cabelos como símbolo de masculinidade e liderança familiar, não com apoio da sociedade.

O homem discutiu a natureza, a sociedade, evoluiu na filosofia, entrou nas trevas e depois recomeçou tudo por com a revolução industrial, guerras, guerras e depois discussões de paz, revisão econômica e mais discussões ambientais, existenciais e tecnológicas. É um panelão de emoções vividas todas juntas e rapidamente. E não esqueçamos das pegadas ecológicas. Se cai um famoso na China, cinco minutos e é fato público. Chamou alguém de preto, processo nele. Botou criança em propaganda inapropriada, veto na hora. Que o diga a última ação publicitária da cerveja Devassa.

E assim segue a humanidade. Pessoas felizes com o mundo mais saudável, outros que só queriam a velha e boa boemia com muita bituca de cigarro. E não ignoremos os alheios a tudo. Político que rouba, não pode. Gente homofóbica e preconceituosa, também não podem. Encaretemos, logo!!!

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

De concreto


Locais agitados, onde a sensação que se tem é que o mundo gira ali mesmo, sempre foi dos pontos que mais me atraíram aos grandes centros do mundo. Não que eu conheça muitos, mas algumas cidades cosmopolitas já estão marcadas no meu mapinha do mundo. Só que vai vindo a serenidade dos anos e alguns questionamentos do dia-a-dia que se leva também.


A mania de perfeição nunca me foi uma característica muito amigável. Quase sempre dei com os burros n’água buscando respeito dos demais. Agora que também questiono mais o caos urbano, afinal morar em São Paulo ensina muito disso, enxergo quase todo dia mensagens veladas do tipo: eu toco a minha vida e você que toque a sua.

Quase não existem atendimentos na prestação de serviços em que se veja a postura de pensar que dúvidas o consumidor ou o cliente realmente tem ou precisar não ter. A rapidez em que tudo deve acontecer na cidade grande não permite perder mais de cinco minutos com ninguém, nem sequer questionar se alguém tem algo mais a perguntar.

Vai demorar? Volto depois. Me passa por e-mail. Todas frases que devemos pronunciar diariamente. E onde está o: que tal pararmos e conversar sobre o tema? que informações você precisa? e posso ajudar em mais algo?

O que se ver são atos impensados. Gente pagando R$ 50 para deixar o carro na rua depois de pagar mais de R$ 200 só para ver um show de bandas de rock no meio até da lama. Apropriação do espaço público por manobristas de bares e restaurantes de luxo. Quem disse aos habitantes que pagar o que for pedido é solução? E quando mais e mais pessoas não tiverem como pagar por certas coisas? Os pobres ficaram enclausurados e os ricos soltos procurando quem os sirva?

Olhar no fundo do olho, pensar um pouco mais quando se está falando com o outro e não chutar aquele que já é um moribundo ficaram no passado para a maioria dos ditos cidadãos do mundo. Atraso? Não aceitação dos tempos modernos? Nada disso. Falo é de falta de respeito. Falta de respeito com o próprio tempo. Falta de autoconhecimento. Falta de amor pelo sentimento que nunca sairá do peito daquele que simplesmente aceitou o concreto no coração. Afinal, é mais fácil não sentir, não é?

Sejamos modernos, sejamos cosmopolitas, sejamos antenados, mas sejamos ainda humanos. Não somos cidades de pedras, somos seres vivos, frágeis e mortais.