quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Ter um pouquinho mais de paciência


Sei que falo no blog de coisas que irritam, mas juro que também penso em coisas que podemos aceitar. Até para sermos mais felizes, ou melhor, para simplesmente viver com mais dignidade e amor ao próximo. Não vou dar um sermão religioso e nem poderia. Não tenho gabarito para tal. Só gostaria de compartilhar algo do fundo do meu coração. Desculpa Panqueique reclamão, mas ando mais melosa mesmo.

O fato é: se um carro pára na sua frente e vc não entende o porquê, não saia logo buzinando, dê um minuto para o motorista terminar de pensar o que o distraiu ou talvez vc descubra que tem algo na frente dele que vc não viu. Outro dia, na Vila Madalena, eu buzinei, confesso, sabe o que estava rolando? Uma velhinha tentava terminar de atravessar a rua. E eu, uma idiota, já enchendo o saco. Agora pra quê? Pra nada. Pra ser chata só. O que muda na vida de alguém um minuto a mais?

Hoje a vida nos pede pressa e que tudo tem que ser para ontem, mas ninguém fala que isso é foda, faz mal, anula o que temos de mais bacana: a reflexão, o pensamento, o discernimento e, quem sabe, a solidariedade. Falo assim porque no último caso tem muita gente longe de saber o que é ajudar o outro.

Se tem algo que vc sabe que vai te aborrecer, evite. Não vá pegar fila, não vá ao bar da moda, não vá encher o saco de ninguém, nem o seu.

O exemplo do trânsito é só um exemplo mesmo. Imagina aquela garota que se mete em tudo no teu trabalho. O que vc fala? “Puta, que mulher chata.” O melhor seria pensar que talvez ela não tenha atenção em casa e o trabalho seja uma tentativa de um novo amigo. E por que vc não dá uma palavra de carinho de vez em quando? Pode custar muito pouco e para a chatinha, será um dia especial.

E quando o cara que limpa teu carro esqueceu a porta toda suja. Claro que você ou eu vai reclamar. “Corpo mole do caralho.” Imagina fazer a mesma coisa todo dia e um dia vc tá cansado, com a mulher doente ou sem grana para o pão. Um errinho no trabalho é aceitável, não é? Vc nunca errou nas suas frases de trabalho intelectual? Ou vc nunca esqueceu de catar o cocô do cachorro? Ou fechou a porta do elevador quando vinha alguém já tão perto e poderia entrar com vc? Se vc nunca fez nada disso, fantástico. Só que o que mais acontece é vacilarmos, vacilarmos nas gentilezas, em se permitir pensar no outro antes de estourar de raiva e de prepotência.

Puxa, como temos coisas a pensar e pensar e pensar. Se um pequeno ato de compreensão e paciência passar a fazer parte do nosso dia-a-dia pode que em breve sejamos melhor. Os atos são como nossos músculos, acredite, dá para exercitar.

3 comentários:

Vitor disse...

Concordo, Ada. E realmente acho que podemos exercitar nosso lado compreensivo e solidário. Basta, como no exercício físico, disposição para tal ;)

Anônimo disse...

Ada, Ada... Já faz um tempo que adotei a política do pé no freio, sabe?! Fiz toda esta reflexão por você proposta e vi que esta porra de pressa e de pressão para que tudo seja rápido, certo, eficiente etc e tal, não me serve para nada. Aliás, me serviu para ficar dias sem dormir, com uma puta dor de estômago e uma pessoa azeda....
Ah, além do pé no freio, adotei a política de não reclamar de mais nada!!! Quer dizer, de algumas coisas apenas....

Anônimo disse...

CONCORDO CONCORDO CONCORDO!
A compreensão é o que nos faz adultos!
Pois é...Existem muitas crianças orfãs escondidas no adulto refletido no espelho.